Sonhos d’água

Alongam-se pelas areias das praias,
destas margens azuis e frias,
tapetes de flores em que te atraias
e eu, sonho com essas belas e arredias.

Sinto-me atraindo pelo seu chamar,
com esses brados lançados no vento,
porque conjugo nelas este sonhar,
que nem pretendo apagar tal sentimento.

Apertado que me quero em seus braços,
com o sol se abrindo em suave tortura,
que o pó da areia circunde o espaço,
nascido deste amor que me segura.

Esta hora cambaleia em demasia,
nuns sorrisos meigos em flor-d’água,
quando me diz: sonha, que ainda um dia,
serás criança e ai esquecerás as mágoas.

Olho estas flores delicadas, recordando,
em Marachão floridos, tanto carinho,
àqueles que eu me alonguei amando,
por estas praias brincando de pá e ancinho.

Nestes delírios de criança, que ainda sinto,
sou perdido e achado por belezas assim,
lembro-me quando saltava o livre plinto.
Preciso renovar esses sentimentos em mim.

É isso tudo que quero fazer ai então,
correr, brincar, saltar á corda… sem siso,
nessas areias cristalinas de sertão,
banhar-me nessas águas quentes de paraíso.

Pensei que iria gostar de estar acompanhado,
por alguém que goste dum pôr-do-sol ameno,
abraçado, sorrindo, sentindo-me enamorado.
É tal o sonho em mim, que me sinto pequeno.