Quem és tu?

Quem és tu, doce mulher?
chegas num sonho qualquer,
nem marcas deixas nas horas
e és sangue que em mim afloras.

És da vida o mais fruto,
gritando a dor em bruto,
que tão bem falas ciúme
e desse amor que é lume.

Que arde sem se ver,
como li Camões escrever.
És um caso de mistério,
que a sorrir falas a sério.

Sonhos que jogas no peito,
com os quais eu me deleito,
num gritar a peito feito,
clamando razões de respeito.

Em veemente exclamação.
Matança de uma flor que é pão.
Não queres calar a desgraça,
clamando à vida que passa?

Neste mundo tão imperfeito,
nem calas o preconceito.
Mas quem és tu, afinal,
que mordes feito animal?

És gente?
E sendo pessoa, que sente,
és normal,
ou algum ser irreal?

Não preciso explicação,
só reclamo magia.
Que enquanto houver coração,
mesmo sem explicação,
vai existir poesia!

Não fora eu um romântico,
que segundo reza o tântrico,
vou continuar escrevendo
E tu amor, me vais lendo!