Minhas penas

Vou fazer um poema,
mas não um poema audaz,
daqueles que qualquer pena,
sente que é capaz.

Não sei que penas tenho,
mas sei que é grande a minha pena.
Se fosse uma pena pequena,
não era do meu tamanho.

Já cobriu um pássaro veloz,
daqueles que voam alto,
qual pesado albatroz,
voando em sobressalto.

Agora, as penas já pesam,
pelo peso que suportam,
mas são penas que me elevam,
tão alto que me exortam.

Pena, que sejam penas soltas,
como as penas que penei,
mas é pena que nas voltas,
são penas, que deixarei.

Algumas já foram de crista,
daquela crista de galo,
hoje nem sei se as vista.
Será que teimo e me entalo?

Aquelas que tinha no peito,
essas, não as perdi todas,
são penas cá do meu jeito,
adorno de tantas mudas.

Mas acredito ser pena,
não poder trocar algumas,
trocava aquelas da melena,
que me ornavam a pluma.