Mas, meu amor

Afirmo que te amo sem pudor,
nem sei se coro ao afirmar.
Devo parecer um jovem com rubor,
confesso que já me fizeste chorar.

Dúvidas estúpidas, me aludiste,
até que me achei inútil e perdido,
mas felizmente sem razão, como viste,
o amor tem disto, amor este, sofrido.

Para quê fugir deste castigo,
começo a ver que não te esqueço,
porque será que o não consigo?
Se alguma razão houver eu desconheço.

Rastejo a teus pés, se for preciso,
até que me perdoes, por me esquecer.
Agora penso, se será falta de juízo.
Sou mesmo assim, estúpido, está bom de ver.

Mas se a arte me apontar uma resposta,
não serei eu a complicar a relação.
Sinceridade para dizer de quem se gosta,
é fácil, quando a metade de mim seja perdão.

Que a minha loucura seja absolvida,
se sentires que metade de mim é amor.
Que não seja preciso mais sofre na vida,
por coisas como esta, sem valor.

Para te fazer aquietar o entendimento,
que a tua paz me diga cada vez mais.
Palavra que eu fale, te dê discernimento
e não sejam ouvidas como prece, jamais.

Quero que a força do medo que tenho,
não me impeça de ver o que acredito.
Esta doçura que tenho atinja um tal tamanho,
que os meus actos sejam o que deixo escrito.

E se entretanto a vida me negar,
aquilo a que julgo ter direito,
Aí, então poderei até rastejar,
mas meu amor, tem-me respeito.

Jamais pronuncio a palavra nunca,
porque o dia de amanhã não me pertence,
mas dizer que o linguajar se me adunca,
não está nos meus horizontes, que eu pense.