Eu acredito

Deitado na relva perto da ribeira,
cerro os olhos e dou asas à utopia.
Sinto nas águas uma esteira,
entre o sonho e a fantasia.

A tua face brilhando estou vendo,
entretanto, com a luxúria da margem,
sinto o fresco me percorrendo,
pelo sorriso que observo na miragem.

És tu, pensando em mim que me acodes,
num fogo, a dizer-me do teu bem-querer,
talvez pensando em tudo o que podes,
comigo e em mim também fazer.

Só peço aos Deuses, algures,
que olhem pra nós com engrandecimento.
Imagino que p’los teus lábios jures,
fidelidade e amor, de mim tens o juramento.

De olhos fechados continuo a sonhar,
apenas deixando a brisa acariciar-me,
parece que me sussurra, em beijos sem par:
amo-te, meu “……”, vem amar-me.

Mas, o vento parou junto às águas,
para suavemente ao meu ouvido gemer:
Como lamento meu amigo, as tuas mágoas.
Nem tu nem ela, merecem assim sofrer.

Levantei-me e junto ao rio lavei o rosto,
o frio da água entrando em mim deixou revelado:
Amigo, espera melhores dias, o fogo está posto.
Eu acredito em ti, Rio Sagrado.