É ilusão

É ilusão: amor, delírio de viver,
é desejo, ternura e poesia,
num lento e doce entorpecer,
é um sonhar-te até que surja o dia.

É por um mau fado que se revela,
até que aquele momento venha,
mas a noite deixou de ser bela,
É da tua ausência, esta dor tamanha.

Como esse teu olhar me faz falta,
esse brilho raro e quente que me atrai,
agora que não te vejo, tudo ressalta,
até a tristeza se impõe e sobressai.

A noite que devia ser suave e calma,
em sonhos belos cheios de graça,
invade de sombras a minha alma,
porque esse corpo não me entrelaça.

Já não tenho mais a tua boca,
me mandando beijos e suspiros,
perdes-te por outros sonhos feita louca,
assim as minhas noites são retiros.

Sem essa tua pele suave e fresca,
a me deslumbrar com seu cariz,
sou eu que me perco na borrasca ,
desta vida assim presa por um triz.

Este mar bravio que é o meu corpo,
é agora um ginete feito sultão,
são ondas revoltas, estas que sulco,
e espraiam em areias frias de mar chão.