Dedico este livro
aos meus filhos: Pedro, Olga e Vítor
 e às minhas netas: Sofia e Mónica

Desta vez estou contigo,
vestido de poesia
e neste encontro de amigo,
quero ser toda a alegria.

Que seja bonito o instante,
deste encontro, que afinal,
terás de mim como amante,
do romantismo natural.

Vou ampliar o sentimento,
de voz trémula de emoção,
quando chegar o momento ,
vou abrir o coração.

Passo então cada pedacinho,
com sentimento de alegria,
com o meu habitual carinho,
mas vestido de poesia.

Queres saber o porquê,
deste meu jeito original?
Porque me encanto! Toma lê.
Faz com ele um recital.

O livro

Abri aquele livro descorado pela idade,
em que te encerrei, quimera de desalento
e nessa pequenez fiz o meu destino lento,
Fiz-me cativo de loucuras de intimidade.

Soprei da capa, tanta nostalgia,
soprei cada promessa, que voou com o bafejo,
havia lá tantos sonhos lavrados na euforia,
com perfume dos carinhos...e tanto beijo.

Fiquei-me a ver cada página, de olhar humedecido
e lia nelas, de olhos cerrados, tudo o que me prometeste,
quando dei por mim, pensava no que não foi cumprido.

Hoje, não sou mais o jovem puro que conheceste,
nem o meu corpo ainda goza daquela exaltação.
Preciso queimar este livro, é de capa de solidão.

Eu acredito

Deitado na relva perto da ribeira,
cerro os olhos e dou asas à utopia.
Sinto nas águas uma esteira,
entre o sonho e a fantasia.

A tua face brilhando estou vendo,
entretanto, com a luxúria da margem,
sinto o fresco me percorrendo,
pelo sorriso que observo na miragem.

És tu, pensando em mim que me acodes,
num fogo, a dizer-me do teu bem-querer,
talvez pensando em tudo o que podes,
comigo e em mim também fazer.

Só peço aos Deuses, algures,
que olhem pra nós com engrandecimento.
Imagino que p’los teus lábios jures,
fidelidade e amor, de mim tens o juramento.

De olhos fechados continuo a sonhar,
apenas deixando a brisa acariciar-me,
parece que me sussurra, em beijos sem par:
amo-te, meu “……”, vem amar-me.

Mas, o vento parou junto às águas,
para suavemente ao meu ouvido gemer:
Como lamento meu amigo, as tuas mágoas.
Nem tu nem ela, merecem assim sofrer.

Levantei-me e junto ao rio lavei o rosto,
o frio da água entrando em mim deixou revelado:
Amigo, espera melhores dias, o fogo está posto.
Eu acredito em ti, Rio Sagrado.

Acaricia-me

Acaricia-me,
como a borboleta que beija a flor,
ou a lua que enfeitiça as noites,
remexe neste modo de sentir a dor,
se um beijo não chegar, dá-me uns açoites,

Acaricia-me,
com gestos audazes desses dedos
E na plenitude dos meus segredos,
rouba das noites os meus medos,
que concebem cerrados arvoredos.

Acaricia-me,
minha amiga, meu guru protector,
compreende os meus tormentos,
perdoando meus erros de amor.
crendo nos meus sentimentos.

Acaricia-me,
como se foras uma brisa solta,
arrancando-me deste casulo.
Sana esta minha revolta,
estes temores, em que me emulo.

Acaricia-me,
faz com que me sinta protegido,
nas madrugadas solitárias,
em que sinto o teu carpido,
que tal como o meu, nos gera párias.

Acaricia-me,
esta alma sofredora e inquieta,
em sublimação dos momentos,
quando a revolta retorna secreta,
assediando-me os pensamentos.

Acaricia-me!

Será amnésia?

Hoje queria te escrever algo de delicado,
mas nem sei a razão, de nada me ocorrer,
como arrancar desta mente de alienado,
alguma ideia que luzindo, me faça entender.

Comigo me revolto mesmo sem querer,
parece que tenho minha mente vazia,
nem sei como começar o que tenho a dizer,
mora em mim uma ideia, que tanto queria.

Mas para assim me compreenderes,
quero que saibas de que serei capaz,
com palavras minhas para entenderes,
e eu tenha enfim, um pouco de paz.

Mas hoje, que se passa? Não consigo contar!
Não me aflora nenhuma palavra bonita.
Contudo, mesmo assim terei que tentar,
palavra que eu bem o tento, acredita.

Ainda assim, com o meu modesto vocábulo,
vou fazer um esforço e ir mais além,
para te dizer que o lápis com que lavro,
será sempre a minha arma do bem.

Pois rabisco o que escrevo para te dar,
uma noticia repleta de sentido da verdade,
nem sei bem porque teimo em te contar,
mas sei que tenho essa necessidade.

Talvez porque sinta que nisto perco o pio,
ou não conseguindo mais abafar, o proclamo.
Já chega de tanto rodeio e desvio,
não posso demorar mais a te dizer: TE AMO!

Tu partiste…

Tu partiste, eu deixei,
por não ter outra opção,
os abraços que não dei,
guardei-os no coração.

Tu partiste, eu fiquei ,
sem saber o que falar,
mais uma vez me calei,
no esforço de não chorar.

Tu partiste, eu pensei,
do sonho que não escolhi,
das alturas despenhei,
sabendo que te perdi.

Tu partiste, eu bem sei,
o quanto por mim eras querida,
mas nunca foste minha, avaliei,
como então ter-te perdida.

Tu partiste, aceitei,
meu romantismo excessivo,
no mundo que inventei,
fiz de ti o meu motivo.

Tu partiste, revisei,
o meu amor voluntário,
outra página virei,
tentando mudar o cenário.

Tu partiste, eu deixei,
nada mais podia fazer,
mas ainda bem, pois eu sei,
doutra vida, outro querer.

Tu partiste, agora sei,
foi o melhor que fizeste.
como princesa te tratei
e tu, que me deste?

Tu partiste, ainda bem,
já nem vale a pena voltares,
já encontrei outro alguém,
logo após tu me deixares.

Tu partiste, nem sabes o que custou,
mas hoje agradeço o gesto,
não voltes que eu não vou.
Pensa que eu não presto.

Tu partiste, sou livre agora,
os filhos ainda nos prendem,
por toda a vida fora,
mas descansa que eles entendem.

Tu partiste, ainda bem!

Sonhos d’água

Alongam-se pelas areias das praias,
destas margens azuis e frias,
tapetes de flores em que te atraias
e eu, sonho com essas belas e arredias.

Sinto-me atraindo pelo seu chamar,
com esses brados lançados no vento,
porque conjugo nelas este sonhar,
que nem pretendo apagar tal sentimento.

Apertado que me quero em seus braços,
com o sol se abrindo em suave tortura,
que o pó da areia circunde o espaço,
nascido deste amor que me segura.

Esta hora cambaleia em demasia,
nuns sorrisos meigos em flor-d’água,
quando me diz: sonha, que ainda um dia,
serás criança e ai esquecerás as mágoas.

Olho estas flores delicadas, recordando,
em Marachão floridos, tanto carinho,
àqueles que eu me alonguei amando,
por estas praias brincando de pá e ancinho.

Nestes delírios de criança, que ainda sinto,
sou perdido e achado por belezas assim,
lembro-me quando saltava o livre plinto.
Preciso renovar esses sentimentos em mim.

É isso tudo que quero fazer ai então,
correr, brincar, saltar á corda… sem siso,
nessas areias cristalinas de sertão,
banhar-me nessas águas quentes de paraíso.

Pensei que iria gostar de estar acompanhado,
por alguém que goste dum pôr-do-sol ameno,
abraçado, sorrindo, sentindo-me enamorado.
É tal o sonho em mim, que me sinto pequeno.

Borrasca

Porque será que continuo abrindo a alma?
Matizando a áurea do ânimo com desejos,
porque teimo em amar só quem me acalma?
Porque dos seus lábios, nascem beijos!

Berro aos ventos com os sentidos despertos ,
e pinto na aguarela do meu sonho emoções.
E no espírito destas tormentas faço acertos,
na ânsia de que me levem as desilusões.

Deixo assim que as rajadas afastem mais,
todas as mágoas dum amor quase desfeito,
e dos meus lábios, nascem beijos como ais,
gritos de uma vida sem ti, me abrindo o peito.

Esta distância que separa o som desigual,
como o do ferir das ondas nas fragas ,
de uma presença que és tu no areal,
contando a gesta dos teus medos e saga.

Conta antes uma história bela e amorosa,
dessa boca em gestos sentidos na magia ,
dum pôr do sol escrito com linhas de prosa ,
não sei porque choro, será da alegria?

É que para mim são beijos, esses na alma,
são gritos ao vento de lágrimas de sal,
insisto assim sulcando mares na calma,
desta borrasca louca, numa cantilena irreal.

Porque sonho e desejo, não sei! É possessão.
Como os versos que eu rabisco aqui…
Completam-me em alguém em comunhão,
desta canção de amor que tenho em ti.

Mas vou até que um dia, um dia esta canção
seja balada, com letra de sonho em harmonia,
quando as palavras escorrerem das mãos,
qual areia fina, que o sol queima de dia.

Alicia-me

Alicia-me com teu jeito terno,
arriscando em mim um beijo ardente.
Apertando-me com força, leva-me ao inferno,
da malícia insana e atraente.

Sufoca-me com teus beijos...
em sofreguidão e desespero.
Anda a meus braços, porque te quero,
afogueada de desejos.

Ofereço-te um momento mágico,
em minha poesia secreta,
nas rimas ardentes do poeta.

Toques de ternura,
fragmentados de loucura.
Porque me quero, nesse cansaço letárgico.

Dá-me flores

Dá-me rosas brancas e encarnadas
e violetas coloridas de mão cheia,
crisântemos, dálias, lírios, candeias,
dá -me flores, belas e aromatizadas.

Dá-me papoilas e girassóis amarelos,
sobretudo dá-me flores... com alma.
Em ramo, soltas ou em palma,
corta-as do teu jardim, que o gesto é belo.

Feitiçaria

Na passarela da existência,
fitas de doçura na cintura,
máscara feita de essência,
de mulher felina e pura.

Feiticeira da minha alma,
cada gesto em segredo,
quietude de pura calma,
cada impulso sem ter medo .

E nessa vaga avassaladora,
devoras o mundo sem receio,
desatas o espaço , sedutora,
até á hora do recreio.

Desfraldas essa tua mudez
e a sorrir riscas o fósforo,
num abraço de altivez,
culpa do mais belo desaforo.

Hipnotismo, sem contratempo,
pra sempre em pura magia,a
qui, neste dia, num desalento,
na tortura da ausência da tua companhia.

Sulco a quimera em flamas bravas
e, aí sonhando...existo em poesia,
pensando em ti, nem vi que aqui estavas.
Tão perto, tão longe… feitiçaria!

Nunca mais

Nunca mais a cama fria,
a noite de insónia,
a vida vazia.
Nunca mais as palavras não ditas,
nunca mais, os sonhos adiados,
os gestos parados,
nunca mais… cada sonho fique pra depois!
Nunca mais.

É ilusão

É ilusão: amor, delírio de viver,
é desejo, ternura e poesia,
num lento e doce entorpecer,
é um sonhar-te até que surja o dia.

É por um mau fado que se revela,
até que aquele momento venha,
mas a noite deixou de ser bela,
É da tua ausência, esta dor tamanha.

Como esse teu olhar me faz falta,
esse brilho raro e quente que me atrai,
agora que não te vejo, tudo ressalta,
até a tristeza se impõe e sobressai.

A noite que devia ser suave e calma,
em sonhos belos cheios de graça,
invade de sombras a minha alma,
porque esse corpo não me entrelaça.

Já não tenho mais a tua boca,
me mandando beijos e suspiros,
perdes-te por outros sonhos feita louca,
assim as minhas noites são retiros.

Sem essa tua pele suave e fresca,
a me deslumbrar com seu cariz,
sou eu que me perco na borrasca ,
desta vida assim presa por um triz.

Este mar bravio que é o meu corpo,
é agora um ginete feito sultão,
são ondas revoltas, estas que sulco,
e espraiam em areias frias de mar chão.

Deixa-me

Deixa-me dormir abraçado a ti,
prometo fazer cadeirinha somente,
nem sei porque ainda não dormi,
é um sonho que tenho ainda pendente.

Se eu ressonar não me acordes,
posso estar a sonhar mais uma vez.
no meu último sonho, beijava-te os pés,
se fores tu a ressonar não te incomodes.

Quero ficar olhando-te apenas,
tornar as minhas noites mais pequenas.
Se me ouvires sonhar em voz alta,
direi unicamente o quanto me fazes falta.

Mas se por ventura o amor acontecer
e viermos então a fazer sexo,
acredito não seja assim tão complexo,
se nos amamos, é natural assim ser.

Às vezes

São tantas as vezes que os dias duram meses,
tantas as vezes em que os dias são de penúria,
que por vezes são os gestos atados em fúria,
lembrando-nos que a vida só é boa às vezes.

Às vezes nem criando em nós uma ilusão,
duma noite, que na noite seja dia,
conseguimos mais que a euforia,
do prazer do sonho, criado no coração.

Mas assim mesmo tomando nos braços,
a beleza duma fantasia por nós criada,
nos livramos de tantas noites de cansaços,

Fazendo do dia a noite mais enamorada
e da noite o dia ganhar os seus paços,
ás vezes, é só assim, uma vida sonhada.

Oh…orvalhada

Oh… inspiração de muitos poetas!
O tempo não te monta, minha musa.
Porque brilhas, se és reflexo
de meretriz deste Universo?
Sonoro encanto de harmoniosa cadência,
mulher, amor, ser complexo!
Louca imagem, à qual faço reverência.

Foram os amores de ontem, que te acabaram assim,
adorno doce, aos meus olhos sonhadores.
Continua enamorada,
maga, fada encantada,
parindo fantasia nestes sopros obcecados.
Como mulher felina mal amada,
és luxúria, neste mate de arrenegados.

Oh… orvalhada do meu encanto, deleite e pranto.
Pão doce, proibido na dieta,
fonte de refluxo expedito.
Mar bravio de ondas em grito,
que fustigas estas areias geladas.
E assim aquecendo este sangue me agito,
sonhando com dias e noites mais agitadas.

Só contigo!

Sentir-te…oh prazer imensurável...
a gota d'água que me transborda,
a energia que dá vida, leva ao céu.
Fogo num só momento desejável.

Adormeço, fecho os olhos...anda, acorda.
Num surto de amor como este meu.
União do prazer com o amor e a vida,
é tocar no sol... é ter o céu!

Quero morrer de amor, quero-te querida.
Limites de prazer não existem contigo.
Sei…este amor é algo fabuloso.

Vejo a vida de forma diferente... castigo?
E quando sinto isso, fico guloso.
Porque só contigo meu amor. Só contigo!
Só contigo!

Volta amor

Quero um beijo e um convite,
num futuro anil de mar,
quero nos olhos um sorriso,
pra que surja afecto d'amar
.
Se és inesquecível…amor!
Tanto tempo sem te ver.
Só peço que me acenes,
estou à esperar, num fogo de ser.

Cada dia é como um ano,
esperar-te é controverso,
é tão complicado! Oh engano,
viver sem ter o verso e reverso.

Anda, que a alegria está aí,
no reviver daquele dia,
que contigo vivi.
Volta amor, sorri como eu sorria.

Desde que nos deixámos,
começou pra mim o sofrer.
As rosas que te dei, ainda as guardas,
naquele livro, que tanto quero ler?

Porque será que não entendes,
que a vida não mais pára,
nem nosso amor desmascara.
Volta amor, só quero que te emendes.

Eis toda a minha razão,
dum amor em convulsão,
que aguarda o teu sinal.
Volta amor, sai desse pedestal.

Ah...minha menina

Ah... Minha menina de voz aflita
o meu coração se dilui ao ouvir-te.
Eu " Amo-te" e quero dizer-te,
um amor assim o tempo não agita.

Antes firma o que tem de mais inato.
Este amor nasceu de palavras agradecidas,
feridas e doridas como as nossas vidas
e dum sonho em que eu me acato.

Assim como eu sou teu, tu és minha.
Sinto que estamos nas mãos da idade
e se a cada nascer do sol muda a verdade,
não muda o que sinto, nem se me avinha.

A certeza que um dia estaremos juntos,
eu a sinto no respirar do meu coração.
Nem anjo, nem demónio, ou condão,
tem coragem suficiente de nos pôr untos.

Os dias passam, as noites se vão.
Embora saiba que nesta vida tudo passa,
apenas acredito numa fuga á desgraça
e neste amor que me cala o coração.

O amor nos está deixando embriagados.
Ah... minha menina, como eu te amo.
Acredito que nem a calunia ou desengano,
muda a fase dos nossos pecados.

Vou ficar aqui morrendo de desalento,
até que brilhe em mim uma luz
e entretanto vou rezar e num sinal da cruz,
pedir a Deus que a vida seja a meu contento.

Não vou baixar os braços por fantasia,
pois assim morreria qual onda na praia,
vou antes sonhar com a chama que de ti saia,
até que nos surja alguma ideia luzidia.

Já me corre nas veias

Soltam-se-me as palavras em aflição,
neste crer que é delírio e ventura
E cada brado com o ardor da intenção,
se solta mais abafado e em amargura.

Hão-de compreender sonhos e quimeras!
Rogo a quem me escuta, que me perdoe,
que eu já só me detenho nestas esperas,
nem vivo, até que este meu sonho voe.

Consagrei-me aos suspiros e lamento,
porque está longe o ente amado,
ante esta aflição de ser ou não ideia ao vento

Me quero antes amargo e malfadado.
Reunir-me até das mais perversas ideias,
mas sem este amor, não! Já me corre nas veias!
Queres ajudar-me a compor uma poesia,
queres?
Não importa se for com rima ou não.
Inspira-me de fantasias.
Deixa-me pegar-te na mão.
Desejo tanto uma poesia de amor,
só uma.
São tantas as rimas que tenho escondidas,
que se eu as pudesse compor todas,
nem um só dia me chegaria.
O importante não é escrever poesia,
é senti-la.
Que se lixem os poemas,
pudesse eu rasgar o que sinto,
como posso rasgar as poesias.
Tenho tanto para partilhar contigo,
tanto,
que sinto ser um desperdício,
todo este sentir, mesmo até o amargo.
Tens tanto para partilhar!
Tanto… tens tanto,
para partilhares comigo!

É sonhar-te mesmo assim

Deixei parar os sonhos, perdido, acordado,
foi um erro, esquecer-me de mim,
agora, na areia do meu deserto encantado,
é sonhar-te mesmo assim.

Neste amalgama de desejos, sou perdido,
em pensamentos inquietos, sem fim,
deixo que a tristeza me encontre arrependido,
é sonhar-te mesmo assim.

Se alguém se cruza comigo nalgum repente,
chama-me à atenção apontando o dedo, enfim...
Conta-me das razões de estares diferente.
É sonhar-te mesmo assim.

Já não sou aquele ser, que outrora me sorria,
nem sei o porquê de me saber sem mim,
não te podendo ter por ora, aguardo-te um dia,
é sonhar-te mesmo assim.

Se sentires que morro, e o no sono entardeço,
beija-me como se eu estivesse perto do fim.
És ilusão…e na noite tanto por ti padeço,
é sonhar-te mesmo assim.

Assiste-me nesta praia de espuma cor de ternura,
que as ondas fazem ao espraiar neste jardim,
onde a o meu vento se acata e a ilusão perdura,
é sonhar-te mesmo assim.

Se sentires que o meu sonhar-te é ainda pouco,
rouba das ondas o sal, faz-te arlequim,
mas não insistas em me deixar de louco,
é sonhar-te mesmo assim.

Anda pra mim

Aonde andas,
que sou demandas?
Vês que preciso...
desse sorriso.
Assim me roubas,
a paz das causas,
como esta, que porfio,
por ti no cio.
Não te abdico,
e te suplico,
só uns momentos,
teus pensamentos.
Esta ternura,
anda em procura,
de saber de ti,
que entristeci.
Neste caminho,
longe e sozinho.
Ó musa alta ,
fazes-me falta.
São meus desejos,
cobrir-te de beijos.
Se tanto careço,
desse sorriso,
anda, te peço.
Deixa-me em siso.
Onde é que estás?
Queda-me na paz,
Deste sorrir.
Quero sentir,
aquela chama,
que de ti emana.
Forço-me em ti
em beijos e…
sonhos de posse
que a ti endosse.
Quero-te tanto
que sou um pranto.
Aqui definho
triste e sozinho.
Volta depressa,
sem que te peça.
Toma a ternura,
desta amargura.
Anda pra mim.
Anda pra mim.

Morrer tentando

Estou tentando te omitir,
do meu pensamento e da vida,
é triste viver te vendo sorrir,
sem colher desse brilho, querida.

Não sei se vou conseguir a bem,
é- me difícil suportar esta ausência,
se em cada virgula ou reticência,
vou lembrar-me sempre de alguém.

Esta saudade dói, deixa-me amargo,
no meu peito teima a chama que não apago,
por te querer esquecer não esqueço.
Não me telefones mais, te peço.

Se me vier a arrepender, eu ligo.
Perdoa-me, eu só ver o meu umbigo,
Mas se não for assim, eu faço asneira,
desculpa-me, ando sem eira nem beira.

Este fogo que permito, me adoce,
vai de mal a pior sem me saber amado,
perco-me em desejos loucos de posse,
em que os teus sonhos são meu fado.

Entristeço a cada pensamento de ti,
Se um dia mudares de ideias sabes bem,
este amigo vai te esperar até ao além.
Quero-te lembrar como eu te vi.

Toma este beijo feito de amargura.
Por teimar em ver a vida tão escura,
quero viver eternamente te lembrando,
ou morrer tentando.

É morena a minha amada

A minha amada é morena,
cor do matiz da noite bela,
mas tal como ela, eu tenho pena,
do cheiro de açucena,
que exala só pra ela.

È tão bela a minha amada,
radiante e tão divertida.
Quando me não fala, já nada
me alegra o dia ou a estada,
neste rodopiar da vida.

Quero tê-la a cada momento,
rindo pra mim enfeitiçada,
pois só com ela me contento,
assim sou, suspiros e lamento.
Como eu amo a minha amada.

Traz-me felicidade á vida,
sempre que me devota um beijo,
para me ficar agradecida,
canta pra mim, constrangida,
por saber do meu desejo.

Quero usar seu corpo de fada,
cobrir de poesias a sua tez,
desenhando nele a vida tão amada,
com rima alegre e sincopada
e vocábulo mais suave, desta vez.

Saga

Pra quê chamar de fantasia,
quando o sonho é dourado,
ou de instantes tresloucado.
Se no momento certo se agita
e solta suspiros, como quem grita.
Serei feliz algum dia?!...

Sei que sonho em demasia,
com beijos, carícias, afagos.
Feito vinho de tantos bagos,
como este que me embriaga.
És tu em sonho, esta saga,
que me consome noite e dia.

Mais um dia teve o fim

Mais um dia, que teve o fim,
outra noite sem te ver,
sempre teima em ser assim,
mas o que é que hei-de fazer?

São os meus sonhos voando,
em volta de ti, com ternura,
só não te vejo... e até quando?
Assim, é a minha amargura.

Ainda não perdi a esperança,
de que nos vamos encontrar,
quero manter-me em confiança.

Dum dia pleno de amar,
beijar teu corpo e na dança,
muitos verbos conjugar.

Filho

Filho!
Acredita-me, eu vou bem,
cá vou indo no meu viver,
estou sofrendo, lutando a correr,
com loucura para tu seres alguém.
Perdoa-me a insegurança a que te levei,
se calhar houve passos errados que dei,
Falta aqui a tua voz na mesa do jantar
e esse riso de criança no ar.
Tu vieste e não houve outro jeito,
senão te apertar contra o peito.
Há horas felizes que eu lembro e repito.
Amanhã quero brincar de avô
no chão da sala a fazer de burrito.
Há tempo de desatar esse nó,
vai haver tempo pra tudo,
olha o sol que nasce, miúdo.
Tu fazes parte de mim,
és um complemento do meu ego
e portando eu te delego,
vive, sonha que o meu amanhã sorrirá em ti.

Lembras-te

Lembras-te quando nos conhecemos?
Não era pra eu me apaixonar,
era só pra fazer amigos e convivermos,
lembro-me do então, nosso desabafar.

De tudo o que dissemos sobre ligações,
das paixões que tivemos, dos desgostos,
de como vivemos as solidões,
mas hoje, que o fogo está posto.

É nesta noite sem fim, que cogito,
no que sonho e no que quer a vida de mim.
Não vai ser fácil, conviver com ela assim.

Vamos esperar, sofrer, continuar,
a vida pode estar quando e se, em ti habito.
A chama está acesa... para se aguentar...

Imago

Teimas em querer o “Androceu” igual a ti...
E ele lerdo nem pensa com o coração,
bem tenta, mas arruína a inspiração...
Acaba por consumir-se em frenesi.

Pousaste borboleta sobre esta flor,
pelo pólen que transpirava, no florar.
E ela amamentou o teu sonhar,
mas... sonhadora moleirinha, é amor!

Absorve esse pólen, travo e fértil,
antes que a lua dispute o seu furor,
que o seu amor em ti, já exala esse odor,
qual lírio abrindo vestido de anil.

Nem o vento impele essas asas a voar,
até outro jardim mais bonito e claro.
É assim um sonho, é sonho e eu declaro:
sendo flor, à “Lepidóptero” afirmo o meu amar!

O teu perfume

Esse perfume de jasmim,
teu perfume se transforma em lágrimas,
e eu me sinto tão perdido em mágoas,
choro-te assim!

Esse perfume de açucenas,
como um pássaro de asas machucadas,
nos meus sonhos, de penas encantadas,
choro-te minhas penas!

Esse perfume de alecrim,
lágrimas, que invadem o meu coração,
palavras que na alma são meu condão,c
horo-te sem fim!

Esse perfume de rosa,
porque não o exalas só para mim?
Sei que te perdes em odores assim,
choro-te em prosa!

Esse perfume de alfazema,
que eu sinto quando me abraças,
sem teu corpo me desgraças,
choro-te em poema!

Esse perfume de mulher,
que adoça o meu sentir amargo,
criando em mim razão de um afago,
choro-te sem querer!

Esse perfume de menina,
cujo odor me provoca nostalgias,
sugerindo meus sonhos desses dias,
choro-te nesta neblina!

Flor de tília

Ama-me, como a uma flor de tília,
segura mas levemente, a um pé forte,
mesmo se secar, á fúria de alguma quezília,
não se solta, nem foge, cheia de sorte.

Qual lírio, que sozinho se bate nas ventanias,
das minhas intempéries mais descabidas.
Nas ânsias do que, como tu tanto querias,
procuramo o novo rumo para nossas vidas.

Olha-me nos olhos

És o sonho que a minha alma precisa,
desde que te conheço a minha vida mudou,
até os ventos da Serra trazem outra brisa,
cheia de ternura e o amargor já passou.

Quanta sensação na minha sensibilidade
e lágrimas de emoção, teimam em brotar,
Deste querer que me muda até a idade.
Mas porque sinto eu assim o sol raiar?

Jamais imaginei, amar alguém assim,
parece que vivo uma ilusão de amor.
Neste recanto da Serra, caro pra mim,
em que amo cada paisagem, cada odor.

Procuro nas estrelas deste céu a ventura,
enquanto não te roubo um beijo.
Compondo poemas de amor com ternura,
bradando neles aquilo que mais desejo.

Cruzámos a nossa senda por acaso?
Claro que não, o amor é imenso.
Nesta sintonia sem igual, de flor sem vaso,
respiro e sonho e durmo neste incenso.

Olha-me de frente, nos olhos,
molha-me a boca com teus beijos.
Ajuda-me a juntar estes escolhos,
consentindo-me alguns desejos.

São teus olhos desatinos

São teus olhos desatinos,
nesse brilho singular,
quais reflexos matutinos,
No meu corpo à’rrepiar.

Entorpecem, contagiam,
como que a hipnotizar,
e eu em cada arrepio,
sinto-me a extenuar...

É essa tua pele macia,
no exalar dessa essência,
como que me extasia,
levando-me á demência.

Com um whisky a coisa vai

Esta dupla destilação, deste malte agridoce,
faz à minha inspiração, o fervilhar que te trouxe.
A mente ao turvar amofinou, daí, surtiu a razão,
que a amamentou, neste cálice de conspiração.

Perdoo, mas afirmo a intolerância,
talvez um voo, a encurtar esta distância,
possa assim surtir efeito, dando à minha palavra,
o devido respeito e a este sentimento que me lavra.

Sinto a carência da confia, em frases loucas de ciúme,
desde o dia, em que percebi faltar o aprume,
a dúvida mais insegura e a questão inusitada,
que fez desta amargura, o afastar da tão amada.

Meu amor não tens razão alguma, na ambiguidade,
tanto mais que esta dor, já é velha e na verdade,
devias ser mais coerente, pois assim podemos perder,
um amor tão pertinente, como este que nos faz sofrer.

A razão não está somente e apenas, desse lado da questão,
eu afirmo os meus dilemas, não há nada, nem sequer razão,
portanto, sê salutar no pensamento, vai olhando para traz,
será que em algum momento, eu me mostrei pertinaz?

Sei que nada fiz de errado, nem nesta, nem noutra altura,
Este amor, se está lixado, a culpa só terá cura,
se tu pensares bem, que a razão pode ser fado
Pode ser que haja alguém, que queira o caldo entornado.

Eu mais uma vez confirmo, nada haver, nem intolerância,
mas acredita, a minha paciência esgotou, fez jactância,
nada mais digo, nem se verdade, se me amas, vais entender.
Eu amo-te, é esta a realidade, és a minha razão de viver.

Perdoa esta versão dos factos, sou teimoso, bem o sei,
mas de teimosias estou farto, as minhas e as tuas, que já perdoei.
Sê lúcida, pertinaz, olha a vida que se consome,
que por mais que eu seja audaz, não aceito este renome.

Confio na tua sensatez, no sexto sentido das mulheres,
não teimes na estupidez, que faz de nós outros seres.
Acredito que vais pensar, vais dar tempo à razão,
um dia ao voltar, vens com o amor te enchendo o coração.

Assim não continues, pois só podes piorar,
nem adianta que jures que me amas, que vai tudo mudar,
eu já pensei e repensei, em tanta coisa sobre isto,
que meu amor, já nem sei, porque teimo, porque insisto.

Sinto que não tens facilitado, a um amante louco como eu,
este meu amar pode ser inusitado, mas é o meu!
É assim que te amo, com esta perdição, sem sensaborias,
reclamo, para mim esse coração, todos os dias.

Amanhã, depois e vida além, se assim o quiseres.
Estás longe, eu sei-o bem, mas não desesperes.
Se me conseguires ajudar a ir até ti, eu vou
amanhã já, porque o ir é frenesi, prometo que me dou.

Dou-me inteiro a esta causa, a este amar-te,
não só hoje, ou com alguma pausa, na Lua ou em Marte
Quero-te minha, mas sem complexos ou barreiras,
estes assim, meu amor adivinha, não passam de asneiras!

Eu entendo que amar, é doar-se sem nada exigir.
Sabes que o meu entregar, tem sido cheio de provir.
Minha querida entende…o amor só é saudável,
quando jamais depende, de incerteza intolerável.

Poderei ser…

Não quero ser o livro que não leste,
ou a aguarela da tua tela de tristeza.
Poderei ser…o poema que não escreveste,
mas não foi culpa minha com certeza.

Se procurares ler as entrelinhas mais audazes,
encontras por ai, nas minhas promessas,
tantas coisas que nunca fomos capazes,
em tantas poesias escritas às avessas.

Tirei ideias daqui e dali com pouco pejo,
roubei tantas rimas á fantasia,
mas porque sabia bem o que não queria.

Deixei para ti o decifrar dos meus pensamentos,
dos sonhos que tenho e dos momentos
carinhosos, feitos de um ou outro beijo.

Sem seu carinho

Hoje sou perdido em sonhos,
abandonado, no rumo dos desvarios,
dado ao ritmo dos medonhos
pensamentos cismáticos e frios.

Falta-me a expectativa
de sair desta maldita aridez,
que em minha mente faz guarida,
abafando-me qualquer lucidez.

Só um raio de luz rasgando meu ser,
me faria sair desta amargura.
Como necessito eu de saber
o que tem ela na cabeça? Como é dura.

Era o Sol e a Lua em harmonia,
era todo o meu sonho de entardecer.
Fora o seu ciúme uma mais-valia,
assim, transtorna-me o viver.

Minha chama é por esta miúda,
que me incendeia o coração,
mas dar confiança que iluda,
não concedo tão dura ilusão.

Deixa-me sem ar, sem fôlego, sem chão.
Rastejo por ela, que me agigante!
Devo mendigar seu calor, por paixão?
É ímpio este amar, mas adoçante.

É singular o seu sorrir, é soberbo,
lava-me o limo do orgulho,
faz-me mais perspicaz no acervo,
das poesias em que mergulho.

Sem seu carinho, em perspectiva,
nem consigo mais respirar. É medonho!
Esta doce menina, mudou-me a vida,
tirou-me do meu recanto de sonho.

Ontem eu enamorado

Ontem eu enamorado,
no teu colo aconchegado,
trocava beijos de amor.
Era tamanha a porfia,
que a Lua me dizia,
ao ouvido com pudor.

Olha lá essa atrevida,
mexeu com a tua vida,
deixaste ela trepar.
Foi tudo tão repentino,
saiu da casca o destino
e levou-te a acordar.

Cedeu aos teus repentes,
em que alteias ardentes,
clamores de desejos,
Deixaste-a pronunciar:
é tão bom! Estou a gostar!
Dá-me mais dos teus beijos.

Num encontro pré-previsto,
daqueles que eu não resisto,
quem sabe pra recordar.
Tremi o corpo e sorri,
de tanto que me diverti,
tanto mais quero teimar.

Conta pra mim da utopia,
a fim de evocarmos o dia,
em que iniciamos os passos,
nesta afinidade tão bela,
qual canteiro na janela,
em que urdi teus laços.

Penso ser esta a razão,
de estarmos em comunhão,
nossa carência e solidão,
a tristeza que não nos larga.
Essa obtusa, tão amarga,
que nos encharca o coração!

Piquenique

Queres ir de mão dada comigo,
passear no campo e ao piquenique?
Colher flores, convívio de amigo,
dançar e cantar ao despique.

Todo o mundo te quer por perto,
a tua presença nos faz falta,
essa áurea nos deixa de peito aberto,
por contagiares a malta.

Veste aquele vestido de chita
estampado, às flores grandes,
ficas mais viva e bonita,
deixas encanto por onde andes,

Põe o chapéu de palha na cabeça,
aquele da fita cor-de-rosa.
Isso mesmo, só porque te peça.
Sinto-te mais vibrante e radiosa.

Não esqueças os chinelos de tecido,
aqueles que condizem tão bem,
com o chapéu e com o vestido,
ficas maravilhosa, como ninguém.

Põe também aquela fita de cetim,
para te poder segurar quando rodopiar
E quando tentares te agarrar a mim,
a fita se solte e circunde o ar.

Lembras-te daquela cesta de vime,
que um ano atrás eu levei às costas?
Pois vai comigo de novo! Á... esquecia-me,
vai cheia de acepipes como tanto gostas.

Levo aquelas empadas deliciosas,
croquetes e rissóis de camarão.
Não foi eu quem fez, foram mãos habilidosas!
Também levo uvas, cerejas e melão.

Tenho uma surpresa pra ti,
daquelas que eu sei, te enfeitiçam,
um carinho delicioso, que não conto aqui,
porque surpresa é surpresa e mistérios atiçam.

Olha, traz aquela máquina fotográfica,
que te calhou na quermesse,
para recordar depois como fica,
que passeio assim, nunca mais esquece.

Vou levar o realejo,
que me deu o meu padrinho,
para que ande de beijo em beijo,
soando viras e valsas e um ou outro fadinho.

Já vibro só de pensar,
que bela tarde vai ser,
podermos passear,
de mãos dadas, ate ao escurecer.

E depois, quem sabe, p'a noite além,
poder te apertar nos meus braços.
Já sonho como ninguém,
poder tirar esse vestido, o chapéu e os laços.

Poema em argamassa

Quero edificar-te verso a verso em claridade,
como se fosses feita de ladrilho e cimento.
Construir um bairro inteiro nessa cidade,
na ânsia de dentro de ti viver cada momento.

Quero a volúpia desse corpo que não tive,
nele descansar ao fim de cada dia de labuta,
Ao edificar esse subúrbio que em ti vive,
sonhos que a nossa argamassa une a cada luta.

Só me falta que tu sejas feliz dentro de mim,
neste espaço acanhado em que te quero,
com esse passo longo que és tu assim,
nesta metrópole feita de carpir em que espero.

És mulher dum só destino arquitectado,
feita de aço, pedra e materiais nobres,
onde nem os sonhos pecam por serem pobres,
nem eu como desditoso construtor afadigado.

Voa comigo

Voa comigo...
Vem pra mim menina
e nestes sonhos encantados,
vamos ao mundo da fantasia
e voltamos de lá cansados,
prontos pra outro dia.

Voa comigo...
Vem p’ra mim miúda,
sacia este desejo,
de querer-te ao meu lado
e que em cada beijo,
deseje estar acordado.

Voa comigo...
Vem pra mim mulher,
vamos romper o véu da noite,
o espírito do alvorecer
e em cada gesto, mais afoite,
até adormecer.

Voa comigo...
Vem pra mim minha musa,
dormiremos agarrados
e ao acordarmos bem juntinhos,
nos sintamos desejados,
em fogo lento, feitos meninos.

Voa comigo...
Vem pra mim menina,
vamos ouvir a nossa melodia,
tocada só para nós.
Anda fazer da noite o dia,
em que não estaremos sós.

Voa comigo...
Vem pra mim garota,
torna esta harmonia linda,
enternecida com nosso amar,
pra que seja mais ainda,
uma canção de embalar.

Voa comigo...
Vem pra mim rapariga,
por momentos em felicidade.
Ama-me mesmo só por instantes,
ou deixa aflorar a verdade,
com que sonham os amantes.

Voa comigo...
Vem pra mim mulher,
toma o beijo sagrado,
que na tua boca deixo deposto,
como o acto mais desejado,
depois que o fogo é posto.

Voa comigo...
Vem pra mim minha musa,
antes de eu acordar,
deste mágico momento,
que teima em me transformar,
nas sombras do desalento.

Nunca…

Não posso correr mais atrás de ti,
nem me torturar assim estupidamente.
Vejo assim a vida, que só aos outros sorri.
Como continuar com estes brados indecentes?

Não posso me abater mais às tuas cismas,
dominantes pelo alento dos ciúmes.
Não me devo permitir arruinar as rimas,
ouvindo injúria e enganos, se me consomes.

Não posso secar-me mais com essas inconstâncias,
animadas aos meus ouvidos racionais,
nem devo permitir-te mais intolerâncias.
E assim te afirmo: Findou, já não posso mais!

Nunca vou aceitar ser abafado assim,
nem as minhas ideias de viver iam admitir.
É o meu conceito de consideração por mim.
Quero poder ser feliz, quero poder sorrir.

Em amores me levitando

Roda a lua sobre o céu,
faz um arco viajando,
neste idealizar que é meu,
em amores me levitando.

Esta noite está tão gelada,
Que até a lua se refugia,
no calo da minha amada,
pra rimar sua poesia.

Diante da noite chegando,
eu vigio os passos dela,
nesta tela desenhando,
seus traços em aguarela.

Parece-me tão serena,
que desdenha o meu sonhar,
ou como eu também tem pena,
de na noite não se acalmar.

Sinto a lua enciumada ,
deprimir na escuridão,
nesta cegueira descuidada,
dos males do coração.

Adoeceu a minha amada,
foi da pressão do stress,
da vida que leva agitada,
ou da teimosia a benesse.

Devia fazer mais cautela.
Porque será que peno também?
Não acalmo sem saber dela,
nunca o senti por ninguém.

Daqui a nada acontece,
a manha clara raiar,
por toda a noite fiz prece ,
que se sinta melhorar.

Quero-te tanto

Quero-te tanto.
Esta poesia eu fiz para ti,
sobre os sonhos e mágoas
e com o carinho que já vivi.

Quero-te tanto.
Conta uma história de amor, que apenas começou,
mas a vida se vai encarregar,
de nos mostrar quem a cantou.

Quero-te tanto.
Comecei a senti-la na radiofonia,
debaixo de um céu, que eu inventei,
contando que tu a ouvisses algum dia.

Quero-te tanto.
Admite que queres soltá-la para mim,
abraçados por muitas noite adentro,
sussurrando baixinho e inventando o fim.

Quero-te tanto.
Esta música não tem memória.
Por enquanto, apenas mostra umas rimas,
na tentativa de inventar uma história.

Quero-te tanto.
Toda a minha vida eu gostaria de escutá-la contigo.
Ela só impele para o amar,
sem juramento ou condão de castigo.

Quero-te tanto.
Com música ou sem ela, continuarei...
lavrando palavras, rimando a vida,
até que esta poesia ganhe a razão por que a comecei.

Quero-te tanto.
Se numa outra nação o génio for meu amigo,
por toda a minha vida eu gostaria de a cantar,
contigo, contigo, contigo!

Bailando

Deixa-me abraçar-te p’la cintura,
bailar feito louco sem cessar,
esta valsa feita ternura,
em que os dois saibamos estar.
No carinho, na vida e no amar,
como um sonho que perdura.

Eu te desejo feliz assim,
bailando à luz sideral,
usando seda de Pequim,
nessa pele alva, sensual.
Luxuriante e divinal,
como uma flor de jasmim.

Quero então dar asas à felicidade,
cingindo as minhas pernas nas tuas.
Pensar que toda a realidade,
é avançar enquanto recuas.
Desejando as tuas coxas nuas,
o prazer colorindo-te a vontade.

Deixa-me ficar a ti colado,
num aperto suave e bonito.
Pretendo esse teu corpo suado,
mendigando por mim aflito.
Quero que sintas este bailado,
como um sonho desejado.

Vou te levar com meus passos,
pelo salão de festa rodopiando,
enlaçada em meus braços.
Deixar nosso amor levitando,
a paixão nos conspurcando,
teimando em sermos devassos.

Se o teu coração

Se o teu coração me falasse,
de tudo, mesmo que à toa,
nas palavras que dissesse,
falaria dos sons deste mar.
De cada ilusão que o povoa.
na vista que o sobrevoa,
brilhando no singular.

Please

Nada nisto faz sentido,
ou nem sei aquilo que escrevo.
Haverá razão para estar ressentido?
O melhor é ficar calado, será que devo?

Para dizer coisas incoerentes,
o melhor é não dizer nada.
Foges-me, onde vais, será que mentes?
Tenho as ideias em debandada.

Mas então que mais farei?
Se não falo, enlouqueço,
por mais quanto tempo aguentarei?
Se não te escuto, entristeço.

Se me oprimo e não exprimo,
é certo o meu desvairar.
Isto ferve no meu íntimo,
talvez se dissolva se esperar.

Ficar caladinho e sossegado,
apávido e sereno completamente.
Confiar no ser amado?
Talvez tudo faça sentido, de repente.

Vou dar tempo á razão,
contando com a sua sinceridade,
esta distância, será só ela a questão?
Não acredito, não! Será da sua leviandade?

Vá lá, toma consciência da escassez,
na falta que faz um sorriso.
Não me deixes nesta estupidez,
pensa em ti e verás o quanto te preciso.

Estas palavras assim, não são chantagem,
é apenas o sentir que me aperroa e deixa mal.
Será que não vês, como os namorados agem?
Preciso de ti, em tempo integral!

Já devias ter percebido o quanto te adoro ,
acredito que nem precisas que tu frise,
mas se for necessário repeti-lo, nem demoro.
Adoro-te, amo-te! Vira-te pra mim “please”!

Ó meu amor

São montanhas, outros mares,
tais distâncias que nem sei,
se é só por me amares,
ou outras coisas similares.
Mas o certo é que não te encontrei.

Eu te aguardo, eu te chamo,
mas tu não estas mais aqui.
Ó tristeza esta a minha, se te amo,
tanto que bem alto o proclamo.
Nem esta distância me afasta de ti!

No peito tenho um sonho puro,
que aflui de carinhos e de festas,
que este meu coração duro,
teima em buscar o que procuro,
nos encontros a que tu te prestas.

Tudo o que tenho é haver sofrido
e agora és tu, me parindo esta dor.
Neste meu delírio digno e perdido,
encantado, belo e arrependido,
do meu amor, do meu amor.

És o meu sonho mau p’la lonjura.
Nem numa hora destas de solidão
e por me deixares nesta noite escura,
aqui, em frenética amargura,
num sufoco, me apertando o coração.

Anda, vem fazer-me um carinho
E nas ondas deste mar bravio,
com cheiro de verde pinho
e perfume de rosmaninho,
qual garanhão em pleno cio,

Traz esse sorriso de amante-menina
e mostra pra mim em véu azul,
esse corpo de mulher felina,
com brios rubros de purpurina,
para que eu ai me emule.

Não consigo mais esperar,
é dor, carpir, sofreguidão,
De amores e loucuras me dar.
Qual sinfonia em pleno ar,
neste amargo da razão.

É loucura a mais na dor,
de sonhar-te e bem querer,
que nem o sol com seu calor,
me aquece neste frio rubor.
Ó meu amor, ó meu amor.

Porque me olhas assim

Porque me olhas assim, de viés?
Não vês que estou abafando?
Que já não posso mais não saber quem és,
esta dúvida que a vida me impõe será até quando?

Sinto que não sou tão forte assim,
que possa viver triste, ou tão só.
São muitos os anos em que carrego este fardo em mim,
esta insatisfação insuportável, mete dó.

É um querer viver, amando com intensidade.
Agora que penso ter encontrado parceria,
alguém que sente como eu esta verdade:
ser apaixonado do viver, e deste querer em que se alia.

Tenho a paixão na alma me sorrindo,
vejo a vida em cores fortes,
são sentimentos como vulcões se abrindo,
em lavas rubras, neste partilhar de puras sortes.

Sinto como, uma necessidade vital,
de vida, sonho, ou harmonia,
sem esquecer-me de que sou real.
Não me olhes, como se eu fosse da vida a mestria.

Sou apenas alguém, talvez uma aberração,
que deseja sentir a vida correndo nas veias,
sem reservas, a saborear com sofreguidão.
Porque me olhas assim, com todas essas peias?

Se não podes entender-me com facilidade,
deixa-me ao menos sonhar contigo,
com esses braços quentes, ou na felicidade,
que seria abraçares-me e adormeceres comigo.

Borboleta

Num vaso, semeei flores,
brincos de princesa violeta.
Noutros há doutras cores,
pra uma amiga inquieta.

Ao regá-las de manhã cedo,
encontrei lindos botões,
já abertos, mexi-lhes a medo.
Parecem frágeis ilusões.

Pétalas suaves, encantadas,
parecem feitas de tule,
tal como ela são delicadas,
seduzem, com a áurea em azul.

Borboleta delicada bailando,
em contradança imaginável,
suave e melódica vai voando.
Esta mariposa parece incansável.

Pousou sorrindo na minha nata,
com beleza e mestria,
depois voou louca, insensata,
sabe do meu bem-querer e confia.

Em cumplicidade e magia,
fica á espera descansando,
cuidando das asas de dia,
prá noite sair voando.

No próximo vôo, vou segui-la,
pra saber aonde pára,
pois parece que vacila,
ou foge quando me encara.

Quem és tu?

Quem és tu, doce mulher?
chegas num sonho qualquer,
nem marcas deixas nas horas
e és sangue que em mim afloras.

És da vida o mais fruto,
gritando a dor em bruto,
que tão bem falas ciúme
e desse amor que é lume.

Que arde sem se ver,
como li Camões escrever.
És um caso de mistério,
que a sorrir falas a sério.

Sonhos que jogas no peito,
com os quais eu me deleito,
num gritar a peito feito,
clamando razões de respeito.

Em veemente exclamação.
Matança de uma flor que é pão.
Não queres calar a desgraça,
clamando à vida que passa?

Neste mundo tão imperfeito,
nem calas o preconceito.
Mas quem és tu, afinal,
que mordes feito animal?

És gente?
E sendo pessoa, que sente,
és normal,
ou algum ser irreal?

Não preciso explicação,
só reclamo magia.
Que enquanto houver coração,
mesmo sem explicação,
vai existir poesia!

Não fora eu um romântico,
que segundo reza o tântrico,
vou continuar escrevendo
E tu amor, me vais lendo!

És o meu oxigénio

Como és doce, meu bombom,
esses lábios cor da amora,
desejo-os assim, sem demora.
Meu pecado feito dom,
meu delírio de edredon
com cheiro do raiar da aurora.

Rendo-me á tua sina,
neste amar-te com loucura.
No meu devaneio encantadora ,
teu olhar me ilumina.
És meu céu, minha menina,
livre áurea sedutora.

Liberta-me deste delírio,
quero-te sorrindo, meu amor,
esse brilhar tentador...
Quero-te! Sê meu colírio.
Meu reflexo de puro sírio ,
num conceito inovador.

És quimera feita alimento,
que em mim reina, soberana,
pelo amor que de ti emana.
Desde o primeiro momento,
sublevas-me o pensamento,
como oxigénio desta chama.


Meu turbilhão de loucura,
do pecado a salvação.
Meu delírio em evolução.
Quero brindar-te a ternura
E quero isto em salsa pura,
ao ritmo da nossa canção.

Neste apogeu da felicidade,
neste sentir em cascata,
és a água que a sede mata,
o meu astro-rei em liberdade,
jorro do vulcão nesta verdade.
Amo-te! És o sonho que me acata!

Minhas penas

Vou fazer um poema,
mas não um poema audaz,
daqueles que qualquer pena,
sente que é capaz.

Não sei que penas tenho,
mas sei que é grande a minha pena.
Se fosse uma pena pequena,
não era do meu tamanho.

Já cobriu um pássaro veloz,
daqueles que voam alto,
qual pesado albatroz,
voando em sobressalto.

Agora, as penas já pesam,
pelo peso que suportam,
mas são penas que me elevam,
tão alto que me exortam.

Pena, que sejam penas soltas,
como as penas que penei,
mas é pena que nas voltas,
são penas, que deixarei.

Algumas já foram de crista,
daquela crista de galo,
hoje nem sei se as vista.
Será que teimo e me entalo?

Aquelas que tinha no peito,
essas, não as perdi todas,
são penas cá do meu jeito,
adorno de tantas mudas.

Mas acredito ser pena,
não poder trocar algumas,
trocava aquelas da melena,
que me ornavam a pluma.

Queria um sorriso

Queria um sorriso teu, quando te acordasse
com um beijo a meio da noite, no ouvido.
Deixar que o teu cabelo me arrolhasse.
Ouvir sussurrar na orelha, umas malícias,
imerso num novo despertar perfumado
e enfrentar a teu desatino por carícias.

Já não acredito que venhas por hoje aqui,
até porque, para mim já está ficando tarde.
Tenho imensas saudades meu amor, tuas...de ti,
dos teus gargalhares, do teu alarde.

Deixas-me sempre bem-disposto com o teu riso,
provocas-me o amor-próprio e a lábia.
Como que me consumes o juízo,
deixando a minha perspicácia com mais ousadia.

Até mais logo meu amor, toma um beijinho.
Sabes que te adoro e o quanto te desejo
e nesses lábios doces e cheios de carinho,
queria deixar tantos sonhos, tanto beijo…

Não me deixes aqui endiabrado, pensando loucuras,
nos beijos que te daria e não posso.
Temos uma sombra, que este amor obscura,
mas adoro-te e a este segredo que é só nosso.

Amanhã, quando te cheirar de novo quero-te minha,
quero sentir esse fogo que nos consome,
deixo para o teu pensamento, o que se avizinha...
tantos carinhos, e o tu sussurrares o meu nome.

Amanhã, um amanhã bem breve,
quero poder te dizer no rosto,
quanto te amo, tudo o que me eleve...
este amar, o quanto te gosto.

Mais logo vamos falar de novo sem cerimónias,
dos carinhos que se nos oferecem,
do quão belo é este amor e das insónias,
que nos teimam, que nos abatem.

Não queria que sentisses este frio na espinha,
esta amarga saudade que me aflora,
a cada vez que penso em ti, minha menina
e nesta nossa condição que nos deplora.

A vida de tão triste e insuportável tem disto.
destes infortúnios com que nos deparamos.
Meu amor, à tua sina, eu já não resisto,
se não, olha para nós e para o quanto nos amamos.

A minha dor

O meu pensamento, quero registá-lo em poesia,
evocar em palavras, a minha consciência,
recordar-me dos instantes cheio de alegria,
porque carpir, leva a mágoas e demência.

Falta aqui o meu amor, falta-me o seu sorriso,
reunir-me ao céu em seus braços e pernas,
queimar-me na fogueira do que preciso,
porque assim, neste vazio me consternas.

Quero ser contigo um tempo de vida, ser a flor,
onde pousa a borboleta pintada.
que ao fechar as asas, fica radiante e divertida
e ao abri-las, se lança em voo mais animada.

Desejando bálsamo resto-me a mirar estas ruas
Olhar esta paisagem de palmeiras e relvado
Na ilusão de encontrar aqui as sombras que fossem tuas
Mas a ansiedade não te trás, até este gramado

O meu pensamento, sinto-o me desafiando,
como uma chama me queimando a fronte,
mas nem o tempo, nem as tuas sombras aqui faltando,
vão apagar com esta aragem, ou atear este monte.

É o mar em baixo que compõe esta maresia,
traz esta humidade que baila nos céus
e este vento que sacode as mágoas de fim de dia.
Serás tu que envias estes sussurros pra serem meus?

Eu sinto que é a tua voz me dando mercês,
talvez querendo que saiba do teu amor,
da falta que sentes, porque não me vês,
mas mesmo que seja só ilusão, são sons de dor.

Estas luzes da cidade ferem-me a vista,
matam a alma pelo que de brilho delegam,
nem dão constância, nem descanso á conquista,
dum dia como o de hoje, em que estes ventos me cegam.

Preferia o sossego da Serra e os ares da lua,
com os ventos passando por cima das serranias
e no vale a calma ser completa com uma presença tua
e ai, te poder beijar, como beijei outros dias.

Se tudo isto não passar dum sonho,
ou este vento se perder pra lá do alvorar,
o meu pensamento sempre amaina e o componho.
Nestes sítios, doutra saga, mas no teu amar.

Boneca

Devagar mas enérgica avança,
ondulando as ancas com beldade,
todo o corpo vibra e balança,
esta boneca parece de verdade.

Cabelos longos, até parecem
roubados às crinas do unicórnio.
Como os seios estremecem,
fazem ofegar até o demónio.

Vista de perto percebemos logo,
que de boneca só tem a graça.
Meu Deus! Tanto Te rogo...
detém-na quieta, que me desgraça.

Faz-me brilhar os olhos sorrindo,
os lábios rubros malícia,
abrasam como que ávidos se abrindo.
E eu a olho, aparvalhado da vícia.

Deixa-me uma sensação de anulado,
quer de prazer, quer de pensar,
embriaga-me o cérebro já toldado.
Nada paga esta visão, visão sem par.

Quero mais, muito mais destas visões,
por isso, vou de joelhos me prostrar,
ou fico aqui fazendo dias e serões,
na esperança de que volte a passar.

Com tanto arrojo me dirigi a ela.
Com voz rouca da emoção disse audaz:
...flor dos meus olhos, tu és tão bela.
Mas sem me olhar, deixou-me pra traz.

Como é amargo sentir desprezo,
tanta arrogância nada combina.
Por tal, eu hoje tanto me avezo,
beleza assim, é perigo em ti, menina.

Impulso de carinho

“Sei que tu és capaz!”
Olha-me nos olhos e diz-me isso,
com esse olhar tão doce e sereno,
talvez eu assim fizesse caso.
Desata o que me resta do impulso de rapaz,
apertando-me num quente e ameno abraço,
Porque preciso de aconchegar esta flor no vaso.

“Tens um potencial tão grande,
mesmo dentro dessas noites oprimidas.
Teimoso, sai dessa, olha o amanhã…que se ensarilha!”
Os sonhos são feitos assim, de manhãs inquietas.
Bebe um trago de saudade… Anda, sorri,
monta nesse cavalo louco que tens em ti,
põe aquela espora de prata, que tanto brilha”

Deixas-me um sorriso nos lábios,
ao empurrares-me a vida pr`á frente,
quando ela teima em ficar pra trás.
Porque não me deixas de ânimo acanhado,
cabisbaixo, pensativo, estupidificado?
Porque teimas em me dizer essas coisas assim,
desse modo provocador e pertinaz?

Queres ver o ser humano inteiro?
Queres sentir a sensação do que fizeste?
Avancei e no fundo do abismo vi um sorriso...
...era teu, tu sabes que sim
e que o sorriso era pra mim.
Sorrindo ao poeta, como quem sorri ao menino,
fizeste num impulso o que eu assino.

Este modo que me mostras é angústia,
são mutismos e suturas desta vida,
que eu teimo em deixar ao vento.
E livre, solto como a pomba da paz,
acabrunhado e mudo como um sagaz,
sou nesta pele de angústia vestido,
mas na fleuma do meu contento.

Conversa estúpida, sem nexo,
palavreado de quem não sonha mais...
...nem de mãos dadas,
são estas ideias comungadas.
Teimas e tonturas de ser complexo,
frémito louco e adverso,
de quem já nada quer, nem ais.

O poema sou eu

Eu sou um poema,
mas és tu que me levas a isso.
Pelo carinho que me dedicas,
as minhas palavras, eu repiso,
mas são aquelas que eu mais gosto.
Nos versos de amor que te escrevo,
e assim nascem em mim,
só porque penso em ti...
Sou Poesia!
Meus versos guiam em mim,
lembranças de ti, sem fim...
Sou poesia destilando amor,
rimando cada verso gota a gota,
com mimo, com paixão,
surgi para suspirar meus cantos,
e na tua mão depor o meu coração,
com sonhos ilusões e prantos.
Na dor do amor,
aspiro minhas bênçãos,
vivendo o amor com perturbação,
sou assim, fiel aos meus mitos,
e perturbado no ser,
como qualquer enamorado deve ser.
És tu que mo fazes ser...
Inspiras-me rimas,
que só a ti sei escrever.
Nos versos de amor que escrevo,
deixo todo o calor que te devo...
Dou-me na minha poesia,
por isso digo que sou um poema,
transporto sonho e fantasia.
Mas esse é o meu dilema.
Quando o que pretendo é ser feliz,
e amar, amar e ser feliz,
e só porque me sorris
escrevo pensando em ti.

Num bar qualquer

Sonho-a ao meu lado sentada,
de mente e gestos provocada.
São razões e desejos insaciados,
feitos de esperas e deleites,
na demora de serem aceites,
como actos consumados.

Sinto uma ânsia indecente,
me devastando a mente,
enlouqueço de prazer.
De olhos fechados a sonhar,
sinto os seus dedos me tocar,
fazendo-me o corpo estremecer.

Mas, continuando o sonho no ar,
sozinho nesta mesa de bar,
dum bar qualquer da cidade,
sorvendo apenas o meu ar e a ambição,
neste preambulo da inspiração.
São fantasias envoltas em realidade.

Umas legítimas e sublimes,
onde ela se redime,
outras transpiram sensualidade.
São todas, desejos insatisfeitos,
de carícias e de beijos,
coisas próprias desta idade.

Mas eis que um sorriso sobressai,
de tanto imaginar o que pr'aqui vai.
Alguém, pergunta: Amigo como andas?
Respondo, ainda sonhando: Olá, vou bem!
Pareces sonhar com alguém.
Pois sonho, anda uma amada em cirandas.

Quem é ela, podes dizer?
Porque não, se queres saber,
mora longe, muito longe e por isso ando aéreo,
um dia sulco os mares
e quando menos esperares,
eis-me perto dela, acredita falo a sério.

Que será isto

Que será isto que sinto ?
São vibrações e tremores que me agitam.
Abrasam-me por dentro,
perturbam-me o sono,
sacudindo-me o alento.
Sensações estranhas que comigo coabitam.

Que será isto, que se passa,
todos estes calores que me inflamam,
com suores agradáveis a me embeber?
São os meus ânimos a chamar,
numa aflição enorme que me retesam,
prendendo-me a mente e o querer.

Que será isto que me atormenta,
que me faz perder a intrepidez,
que desabrocha à flor da minha tez?
Me alucina e me deixa mal.
Isto que me amedronta a cada vez,
turvando-me o olhar, dá-me timidez.

Perdoa-lhe

Se esta briga de impropérios não parar
e for para continuar até de madrugada,
melhor fora que a voz fosse embargada.
Ele há cada uma. Isto não pode continuar.

Se esta chuva de palavras não parar,
é todo o campo que fica alagado,
imerge o pensamento por insultado,
mata as culturas, matando todo o sonhar.

Se me sinto perplexo e aperreado,
não é tanto pelos verbos, mas pelas ideias,
há termos desnaturados, tão cheios de peias,
que mais parecem a letra dalgum cruel fado .

Vou fazer crer, que sou surdo e mudo,
ou como se fosse atacado de morte súbita,
para nem compactuar mais desta desdita.
Já basta, mais não! Que este atropelo seja tudo...

Palavras assim irreflectidas ou injuriosas,
lastram este chão de amarguras doentias...
basta semeá-las assim e crescem todos os dias,
como promessas não cumpridas e dolosas.

Águas assim vêm molhadas de amarguras,
prometem apenas regar os chãos hostis.
Não teimes mais, pois tudo o que se diz
no calor duma prosa assim, vira loucuras.

Olha…expirei, insultado e injuriado,
enquanto a chuva caía já feita em lama.
Foram tantas as falsidades ouvidas nesta trama.
Meu deus, perdoa-lhe mais este pecado.

Ser razão

Para quê escrever, meu amor,
quando a vontade é abraçar.
Sentir estes olhos em flor,
no paraíso te eternizar.

Ir além dor e além pecado.
Sentir o verbo se acabar,
verbo sorrir e como um fado,
ser razão deste amar.

Quem de vós dirá?

Se fujo quero voltar,
fica longe o sol que sonho.
Se fico morro de amar.
São decisões que eu engonho.

Nem com pós de perlimpimpim,
posso encurtar esta hora.
Como é breve o sol em mim,
nem me aquece o corpo agora.

Amigos aqui são bastantes,
mais além tenho outros tantos,
mas já não é como era dantes,
andam os sonhos pelos cantos.

Daqui, vejo fugir com pressa...
Este sonho não é mais feliz.
Esta ideia de ir não cessa.
Quem me dirá: fica e mo diz.

Meu coração para quê…

Meu coração, para quê este sofrimento?
O que eu posso fazer por ti? Anda, diz?
Não tens paz, não? No momento
são emoções de mais, ora choras, ora ris.

Divide comigo irmãmente, cada lágrima,
cada instante de amor, solenemente.
Cada tormento, ilusão, ou cada rima.
Divide tudo, carinhos, paixões… docemente.

Para mim, assim não haverá mais paz.
Eu quero-a, tu sabes bem, se és loucura,
sana este aperto em mim, se fores capaz .
Oh, pobre coração...sentimento este que perdura.

Todos os dias morres, eu sei, um pouco mais,
Qual onda que em espuma se esmorece,
nesta praia feita de sofrer e sentimentos reais.
Oh! Meu pobre coração...não a esquece.

Esta sensação de sufoco, é tormento revolto.
Todos os dias, eu sei, está mais perto a solução
e o meu amor mais doce, mais digno e solto.
Aguenta! Sê audaz...oh, meu pobre coração!

Alivio aqui as mágoas

Alivio aqui as mágoas, neste céu de inquietação,
nem perturbo as lágrimas de amargura,
que teimam em sorrir à loucura.
Berro e imploro e refilo e choro, mas em vão.

Quem me alivia desta tortura,
quem me empresta o lenço da ternura?
Quem me segura,
nesta amarga solidão?

Tu e as tuas serenidades já o têm feito!
São dias e noites em que aperto o peito,
em que estendo a mão…
...então existes tu e já não posso ceder em vão.

Meu coração, para quê este sofrimento?
O que eu posso fazer por ti? Anda, diz?
Não tens paz, não? No momento
são emoções de mais, ora choras, ora ris.

Divide comigo irmãmente, cada lágrima,
cada instante de amor, solenemente.
Cada tormento, ilusão, ou cada rima.
Divide tudo, carinhos, paixões… docemente.

Para mim, assim não haverá mais paz.
Eu quero-a, tu sabes bem, se és loucura,
sana este aperto em mim, se fores capaz .
Oh, pobre coração...sentimento este que perdura.

Todos os dias morres, eu sei, um pouco mais,
Qual onda que em espuma se esmorece,
nesta praia feita de sofrer e sentimentos reais.
Oh! Meu pobre coração...não a esquece.

Esta sensação de sufoco, é tormento revolto.
Todos os dias, eu sei, está mais perto a solução
e o meu amor mais doce, mais digno e solto.
Aguenta! Sê audaz...oh, meu pobre coração!

Mas, meu amor

Afirmo que te amo sem pudor,
nem sei se coro ao afirmar.
Devo parecer um jovem com rubor,
confesso que já me fizeste chorar.

Dúvidas estúpidas, me aludiste,
até que me achei inútil e perdido,
mas felizmente sem razão, como viste,
o amor tem disto, amor este, sofrido.

Para quê fugir deste castigo,
começo a ver que não te esqueço,
porque será que o não consigo?
Se alguma razão houver eu desconheço.

Rastejo a teus pés, se for preciso,
até que me perdoes, por me esquecer.
Agora penso, se será falta de juízo.
Sou mesmo assim, estúpido, está bom de ver.

Mas se a arte me apontar uma resposta,
não serei eu a complicar a relação.
Sinceridade para dizer de quem se gosta,
é fácil, quando a metade de mim seja perdão.

Que a minha loucura seja absolvida,
se sentires que metade de mim é amor.
Que não seja preciso mais sofre na vida,
por coisas como esta, sem valor.

Para te fazer aquietar o entendimento,
que a tua paz me diga cada vez mais.
Palavra que eu fale, te dê discernimento
e não sejam ouvidas como prece, jamais.

Quero que a força do medo que tenho,
não me impeça de ver o que acredito.
Esta doçura que tenho atinja um tal tamanho,
que os meus actos sejam o que deixo escrito.

E se entretanto a vida me negar,
aquilo a que julgo ter direito,
Aí, então poderei até rastejar,
mas meu amor, tem-me respeito.

Jamais pronuncio a palavra nunca,
porque o dia de amanhã não me pertence,
mas dizer que o linguajar se me adunca,
não está nos meus horizontes, que eu pense.

Hoje pensei…

Hoje, pensei num Natal diferente,
cheio de silêncios, de madrugadas frias,
tantas vidas insípidas, vazias,
tantos sonhos perdidos, em tanta gente.

Hoje, pensei nas compras de Natal,
aquelas feitas à pressa,
antes que a noite apareça,
compras de pão sem sal.

Hoje, pensei em nós, nos nós que fizemos,
em como desatá-los,
ou num laço apertá-los.

Hoje, pensei se o Menino voltaria,
se este ano, o Natal ainda aqueceria,
se ainda vai haver, aquele Natal que queremos?

Nesta manhã

Nesta manha senti vontade dos teus suspiros,
senti tanta falta dessa ansiedade em brasa.
Preciso-te com qualquer humor, ou disposição,
senti falta dos teus sons a vibrar na casa,
até daquelas frases excessivas de inquietação.

Queria tomar o meu café, da tua boca
e depois ouvir qualquer palavra tua,
dita sussurrando, enquanto te punha nua.
Como eu preciso te encantar, deixar-te louca.

Sempre acabo pensando no som do aspirador,
percorrendo o chão nas manhas de domingo,
e nas noites em que dormia na dor
da solidão e pensava: só te ouvindo me vingo.

Reflexo

Não é fácil olhar-te nesta imagem,
vejo nela reflexos de luz,
urgentes e impenetráveis, como numa miragem.
Contrariaste o espelho, fazendo jus!

Beija-me? Queria dizer: Beijo-te, nada mais
e enquanto os lábios se mantiverem encostados,
não te distraiam com pensamentos sensuais.
Há coisas lindas nessa imagem que parecem irreais.

Olha nesse espelhar uma outra vez,
pensa na prata com que foi feito.
Tanta energia tem e nem vês…
Suspira, mas fundo, nesse peito.

Eu me sinto oco, porque não reflicto assim,
ando assoberbado na alma, ou sem jeito.
Guarda um pouco desse cariz pra mim,
para que eu recate o entusiasmo neste peito.

Não disfarces mais essas claridades,
o espelho não atraiçoa, nem ludibria.
É assim mesmo como vês! São essas as realidades!
Vive e deixa-me ver esses reflexos á luz do dia.

Um sorriso, tal qual Miguel Ângelo pintou no Mona Lisa,
um sorriso feito de carinhos, como só tu sabes, amor,
Faz um assim pra mim! Esse ar angélico sintetiza…
Quero poder lembra-lo amanhã. Desabrocha essa flor.

A solidão

A solidão vem de mansinho,
e quando acode não desculpa,
traz com ela bem juntinho,
um pouco da nossa culpa.

A nostalgia da felicidade,
É fogo que arde mansamente,
È mágoa amarga, é tempestade,
É um contento descontente.

Deixa acontecer o desejo,
Nesse audaz e rubro horizonte,
Com pores-do-sol bem defronte.

Faz da espera um delicioso beijo,
Atenta, que a vida foge, sendo assim,
Canta, dança, como eu o faço em mim.

Amo-te!

Eu pareço perdido em universos de sedução,
arde-me cá dentro, este coração sofrido.
Com tanto para usufruir e para dar.
Quando aprecio os horizontes no mar,
os ventos soprando ao meu ouvido,
é ai, que o meu poder de amar fala mais alto ao coração.

Mas porque sou eu feito de sentimentos?
Porque luto sozinho neste mar de conjecturas?
Porque teimo em deixar o coração impaciente,
quando tudo poderia ser tão diferente.
Noto quanto gosto de ti e assim me amarguras
e vendo tudo o que seria capaz de fazer sem lamentos…

Medito o quanto sofro sobre o que deixei para trás.
Não sei se alguma vez te poderei ter...
Não antevejo o fim deste suplício,nem quando
penso, se não serás apenas o meu vício.
É ai que o meu sofrimento queima mais fundo no meu ser!
Porque não podemos estar juntos? Oh… questão pertinaz.

Eu sonho, sonho tão alto e tão profundo
dessas profundezas, chamo-te minha
e é subindo ao mais alto morro,
que ai, o meu grito pede aos deuses socorro,
grito sobre os efeitos da fermentação desta grainha.
Sem altifalante, sem complexidades, digo ao mundo.
“Amo-te”

Mas digo-o com alma, porque “TE AMO”

Tenho uma amiga

Tenho uma amiga Serena,
o Serena fica-lhe bem.
É tanta a serenidade que tem,
que serena a minha pena
e me serena a mim também.

Martelo, martelo

Ao cair da tarde, toco a balada,
que guardo secreta ainda tão sano,
divaga o espaço da tarde calada,
martelando as notas deste piano.

Afundo no abismo dos sons audazes.
Martelo, martelo e o som não sai,
até o teu rosto sair dos cartazes,
intrigante, ameno e a máscara não cai.

Dispo estes medos, em pura aflição,
no bater destas teclas em nácar.
Martelo, martelo e prendo na mão,
o imaculado que mostras no olhar.

Sedução, música suave e piano,
são razões para amar quando anoitece,
sonhos dum poeta em pleno desengano,
deste alguém que não te esquece.

Preliminares

Foram tantos os beijos, doces e molhados.
Gostei de ter a minha língua enrolada na tua,
ou vice-versa, naquele beija-beija demorado.
Porquê tanta azáfama antes de te deixar nua?

Foram preliminares a mais, pensei eu,
mas não… nunca são demais as preliminares.
Um amor mexido e remexido fica sem breu,
se não for o aquecer da carne e esses limiares.

Foi doce e eu gostei tanto que quero mais.
Desejo crédito para preliminar outras vezes,
quero apreciar em ti mais suspiros e ais.

Em que uns beijos nas orelhas façam frenesi,
mas quero tudo isto e mais sem revezes,
quero sentir o que a ternura faz em ti.

Os teus beijos

Os teus beijos mais incendiados, eram loucos,
porque sabiam a sonhos p’la noite além.
Na altura, nem me pareciam poucos,
quando os tinha…nem ligava, se sabiam bem.

Amavas-me e eu nem percebia então o feito,
eram tantos os mimos, desejos, perspectivas.
Hoje eu sei, que o amor, brotava desse peito
e eu teimoso, só pensava nas palavras ofensivas.

Hoje que queria se reacendesse aquele fogo,
porque não o tendo, reconheço agora e o rogo,
se for possível aos Deuses se voltarem pra nós.

Aceito-te tal qual és, mesmo com esse ciúme,
que viver assim, nesta agonia perco o aprume.
Nem eu, nem tu, estamos bem, assim tão sós.

É que essas mãos quentes, brancas e puras,
mãos de fada, de destreza, mãos queridas...
sonhos que eu troquei, por razões tão subvertidas,
se em cada gesto tinham impulsos de ternuras.

E esse olhar tão doce... olhar tão afectuoso.
Fui louco, eu sei-o agora, mas volto atrás…
repensei tudo aquilo que quero ou me apraz.
Agora enxergo, p’las amarguras, quão era ditoso.

Estúpido, a pensar em duas, se era tão evidente,
uma eu tinha nos meus braços, e me adorava
E a outra, uma miragem, que apenas me turvava.

Foi preciso sentir o amargo da falta dessa boca,
pra reconhecer que assim a minha vida é louca.
Sem ti… sem nós…será que ainda sou gente?

Sinto que não é tarde e voltar pode ser loucura,
Mas, minha querida, tudo é remissível enquanto dura
e entende, que dizer: Amar assim, não é pecado!
Pecado é amar-te e não te ter, por andar obcecado!

Todos os sonhos que fabriquei alguma vez,
se tinham a tua sombra, na minha pequenez,
eram grandes na dimensão do espaço sideral,
Pelas definhadas considerações do meu parietal.

Deixa-me dizer-te

Esta noite murmurei á vida,
como sou feliz, contigo neste errar,
divago nas ondas, cavalgo sem brida
mais do que passado, sou idealizar.

Deixa-me dizer-te, o quanto te aprecio,
deixa-me pensar em ti, como minha,
essa ideia acalma-me o desvario,
e ajuda-me a ver além desta neblina.

Deixa-me dizer-te, como te adoro,
o como sonhar-te me acalma,
me fustiga a alma,

Dos suores frios de outrora,
do meu corpo exala agora,
o meu sonhar-te, de cada poro.

Menina travessa

Eu bem tento imaginar-te nua,
única, brilhando para mim,
mas o teu cheiro disperso na rua…
atordoa-me, esse odor solto assim.

As tuas palavras me ordenam:
faz um poema para mim.
Eu bem teimo, mas as rimas nem acenam:
Menina travessa, de pele de carmim.

Ilude-me, que eu adoro sorrisos,
mentiras dessas com amor,
embebidas do perfume do pudor.

Que importa se esquecemos os sisos?
Sendo o nosso éden em fogo de ternura,
se a carne já está quente e em brandura.

Acredita

Acredita, eu não sei,
até quando poderei.
A saudade anda fazendo estragos em mim,
cada dia é um ano, como poderei viver assim?

Temo vir a te esquecer,
mas te acho, sem te perder.
O pensamento roda, nas voltas da solidão,
és tu quem está sempre, no fim de cada ilusão.

Fugir do amor não vou,
diz-me o que para ti eu sou.
E nesta espera silenciosa, onde não há paz,
Eu me aguentarei, será que serei capaz?

Eu vou te raptar um dia,
tenho esta ideia fixa e arredia.
Quero sentir a emoção desse momento,
assim está difícil, turvas-me o pensamento!

Será que vai valer a pena,
olvidar toda esta cena
e amanhecer com um sorriso nos lábios de alegre,
mesmo sem cumprir este sonho assim, tão breve?

Mas se eu não puder te ver,
pois não te quero esquecer.
Este amor me deixa com outro cariz, mais radiante,
só eu sei, o quanto custa este saber-te lá tão distante.

Não vou fugir desta agonia,
mas quero que se chegue o dia.
Fugir do amor não é o meu costume, nem impulso,
diz que me esperas e eu saberei assim ter firme o pulso.

Quero o beijo

Quero o beijo.
Sentir os teus, em meus lábios,
sem urgência.
As horas que esperem,
em complacência.
Quero tudo.
Quero o amor cantando o prazer.
Mostra esse fogo mudo.
Apressa-te a despir essa carência,
que te arruína o coração...
...num novo céu,
que quero meu,
ou quem sabe o abismo,
em que cismo.
Quero o serpentear desse corpo,
nesta sede,
que o corpo pede.
Os olhos gritam na ânsia de te ter.
È pólvora húmida a aquecer.
Almas ligadas no desejo de amar,
cantam em gemidos,
num quase gritar.
Faltam noites,
faltam dias,
em que te afoites,
sem estrelas guias .
Este sol que busca o luar.
São pontos que se revelam,
nas bocas em que se alimentam .
São gozo que pede por mais,
destas ânsias transcendentais.
Vem, sem pressa,
as horas que entendam.
Quero mais da mulher que sonhei,
tornando real o amor,
que por tanto tempo esperei.
Vem vestida de labareda...
quem na alma se hospeda,
dança comigo esta canção.
Corpos colados,
ritmos acelerados,
dando impulso à paixão.
Em eufórica combustão,
num novo espaço,
augúrio de nova razão.
Mata esta espera ,
que fere como aço.

Se amanhã acordares

Se amanhã acordares comigo no pensamento,
abre a janela e pega este beijo, que te mando pelo vento.
Não fiques muito tempo a olhar o firmamento,
está frio e a aragem corta qualquer entendimento.

Eu estou aqui imaginando as estrelas
e este brilho faz-me rever outras coisas passadas sobe elas.
Vejo neste orvalho que cai de mansinho,
que o teu amanhecer vai ser de felicidade e carinho.

Vais ouvir o canto da cotovia matutina,
na chilreada dos pardais vais achar o teu lado de menina.
Olha que esse vento ceifa os sonhos já sonhados.
Festeja da janela o sorriso novo, mas já de vidros fechados.

E olha no céu, por entre essas folhas lilases,
das flores que cercam o teu jardim e sabem bem o que fazes.
Já viste que até aquele minúsculo beija-flor,
voando de flor em flor, te conta do que sonho, meu amor.

É na noite comprimida

É na noite comprimida,
quando as luzes perdem a sua cor intensa
e o dia demora mais do que se pensa,
por Morfeu se fazer presente,
que só quem não dorme sente,
o secreto, que há em sua vida.

Se a natureza é em si oculta,
não é por sentir o espreitar do sono,
que se vive menos ou em abandono.
Mas se a dor é dura,
ou a insónia sem cura,
então falta impulso ou catapulta.

Sonhar amargo ou em isolamento,
mesmo se as estrelas sorriem além,
há que agarrá-las pra seu próprio bem .
Sacudir as trevas com definição.
Saltar bem firme sobre o próprio chão.
Ou gritar às nuvens no seu firmamento.

Pois, morrer sozinho ninguém merece.
Façamos magia, como nos der jeito,
Sob pena do amargo no peito,
se nem poetisando ficar mais afável,
ou a loucura for respeitável,
durmamos então sozinhos, como numa prece.

Sou desejo

Sou desejo, sou paixão,
sou perdido, viciado,
sou um ser alienado,
às margens da razão.

Em labaredas de viço,
que por ti gostosamente,
me incendeio ardente,
de cada vez que me atiço.

Se entregue e enfeitiçado,
em múltiplos gozares,
nas posições que deixares,
serei mais endiabrado.

Sem predefinidas afabilidades,
e entregues safadamente,
a tudo o que nos vier à mente,
num culto às habilidades.

Trocaremos de tudo o bastante,
a cada gesto mais sedentos,
macho e fêmea por momentos,
em gozo pleno de amantes.

Enquanto o jantar se faz

Enquanto o jantar se faz,
deixo aqui um sorriso.
Mas se este acto te apraz,
volto mais vezes e biso.

Vou erguer a taça e brindar,
como se me acompanhasses,
num gesto suave de acariciar,
junto aos lábios, como se me beijasses.

Este vinho, que hoje abri,
é da cor dos teus lábios,
vermelho encorpado que em ti,
deixaria o prazer mais bravio.

Obstinação

Hoje a tristeza abraça-me tão natural,
apresenta-se nostálgica, sofrega na pele.
Se tivesse dormido diria: dormi mal.
Não são in-Sónias... são in-Isabel

Quantas juras, quantas votos fizemos,
tanto dissemos, nem quero lembrar.
Doce é saber o quanto nós queremos,
triste é não ter certezas para recordar.

Nada mais ignóbil que jurar amor,
quando há falsidade na intenção,
eu jurei não dormir sem reconciliação.

E ainda que expire desta dor,serei fiel á promessa,
diz que sou obstinado…mas se me amas,
cumpre tu, o teu jurado..

Amor sem um beijo

É neste errar que me sinto carente,
são faltas me cercando dum tal jeito,
me agitando o coração, que doente,
mexe dentro deste frenético peito.

Se o espírito foge por momentos,
e de longe, mesmo assim te desejo,
este amor me cura como unguentos,
amor só de olhar, sem um beijo.

Este amar sem a rendição atordoa,
fere e ao mesmo tempo torneia,
ajusta o querer ao que incendeia.

De tal modo que não é à toa,
que me mantém vivo e apaixonado,
preso a este querer-me ao teu lado.

Querias?

Se eu por ti me apaixonar,
prometes ser-me fiel
e ajudar-me a alcançar ,
a felicidade, o sonho e o mel?

Eu já me apaixonei em vão
e descobri que o amor é superior,
do que apenas segurar na mão,
é uma troca constante de calor.

Se eu te der o meu coração,
quero ter a firmeza,
que não desperdiço em vão,
aquilo que me dá alguma beleza.

A minha forma de acarinhar,
este meu jeito apaixonado,
todo o fogo que tenho pra dar
e tanto mais que tenho guardado.

Se tu também me quiseres,
Sim…direi orgulhoso então:
sou feliz, sê tu também se poderes
e o nosso amor não será em vão.

Portanto espero que tu entendas,
não posso garantir inúteis ninharias.
Concebe que meus sonhos desvendas,
Ai…eu me apaixonarei por ti. Querias?

São vãos os meus projectos, insípidos,
mas são na alma que germinam,
de me ver enlaçado nesses braços lívidos,
em noites que em puro deleite culminam.

Nada mais ambiciono pra mim,
que te saber radiante e afortunada
e este sonhar de te saber assim:
feliz, alegre, por te saber amada.

É pouco o que quero dirás,
mas sai do fundo do meu ser,
toda a intensidade que ele traz,
se baseia na verdade de te querer.

Guardo para outro poema,
o erotismo nato, que te destino,
de lavrar com minha pena,
nesse corpo doce, feito menino.

Então de amores e razão me quero cheio,
pra fazer valer mestria e excelência
e nas horas de recreio,
dar o meu melhor como solvência.

E depois da alma lavada,
nesse vale de frondosas raízes,
ver as horas mais amadas
e te dar o que nem dizes.

Lá fora a chuva cai

Enquanto o sol joga às escondidas com a lua
e a chuva bate feita louca nas vidraças,
és tu, animosa, que na minha mente passas,
parando aqui e ali, pra me dizeres: Sou tua!

Falas-me nesse tempo, do que te vai na alma,
dos teus sonhos e desejos embriagantes,
de como gostavas não cometer os erros dantes,
porque estas mais graciosa e calma.

Teus motivos mudaram muito. Tens desejos.
Tens mágoas. Tens solidões, falta de beijos.
E a chuva cai lá fora, deixando os vidros embaciados.

Fustiga-me a mente, como se me dissesse: vai...
…eu ia, mas lá fora a chuva cai.
É tanta a amargura ao cair...reflexo dos meus pecados.